O novo sistema de crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada começou a funcionar nesta sexta-feira (21), mas quem pode usar o programa “Crédito do Trabalhador” precisa tomar cuidado para não transformar o que deveria ser uma solução financeira em mais um problema.
Segundo o governo, o principal objetivo do programa é permitir que trabalhadores CLT e MEI que já têm dívidas no CDC (Crédito Direto ao Consumidor) possam transferir esses débitos para o novo consignado, que oferece juros mais baixos, podendo escolher entre propostas de diferentes bancos.
O problema é que quem já possui empréstimos com desconto em folha só poderá efetivamente migrar o contrato atual para o novo modelo a partir de 25 de abril, ou seja, daqui a mais de um mês.
Na prática, isso significa que até lá o trabalhador estará fazendo uma nova dívida, com dinheiro na conta durante um mês que, se não for usado para quitar o empréstimo mais caro, resultará em mais uma parcela sendo descontada do salário.
Ministro pede paciência aos trabalhadores
O próprio ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, fez um alerta sobre esta falha do programa, orientando as pessoas a não terem pressa e buscarem várias propostas. “Tenha paciência, só tome (empréstimo) em caso de extrema necessidade, para trocar uma dívida cara por uma mais barata ou fazer um belo investimento que você esteja precisando”, disse em entrevista ao programa A Voz do Brasil.
Segundo dados divulgados pelo ministro e publicados pela Agência Brasil, até o final da tarde desta sexta, foram simulados pouco mais de 15 milhões de pedidos de empréstimos através do aplicativo e do site Carteira de Trabalho Digital, que tem 68 milhões de trabalhadores cadastrados. Desse total, 1,5 milhão solicitou propostas aos bancos e cerca de 1.400 contratos já foram fechados.
O novo consignado oferece crédito com juros mais baixos para os trabalhadores do setor privado. Como garantia de pagamento, é possível usar até 10% do saldo do FGTS ou a multa rescisória inteira em caso de demissão. O valor das parcelas descontadas na folha não pode passar de 35% do salário bruto.
Por enquanto, os empréstimos estão sendo feitos somente na CTPS Digital. A partir de 25 de abril, além da migração do CDC para o novo empréstimo, o trabalhador poderá também fazer contratações pelos canais eletrônicos dos bancos. Também será possível transferir o empréstimo entre bancos, mas essa opção só estará disponível a partir de junho.