O cantor de funk Marlon Brandon Coelho Couto Silva, conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso na manhã desta quinta-feira (29), na Zona Oeste do Rio de Janeiro, sob acusação de apologia ao crime. A detenção ocorreu durante operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil, em cumprimento a mandado expedido pela Justiça a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
A ação foi resultado de uma investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ. Segundo o órgão, Poze teria utilizado suas redes sociais para promover e enaltecer a atuação de facções criminosas. Vídeos publicados pelo artista, especialmente no Instagram, serviram como base para a representação criminal.
De acordo com a promotoria, os conteúdos veiculados por Poze ultrapassam os limites da liberdade artística e configuram, em tese, apologia ao crime. O MPRJ sustenta que o cantor “divulgava mensagens de apoio a organizações criminosas armadas”, fazendo referências diretas ao tráfico de drogas e à criminalidade em comunidades do Rio.
A investigação considera que MC Poze “ostentava o poderio bélico” de criminosos em suas publicações e “glorificava a atuação de traficantes”, o que, para o Ministério Público, se enquadra nos crimes previstos no artigo 287 do Código Penal, que trata da apologia a fato criminoso ou autor de crime.
Em nota publicada nas redes sociais, a assessoria do funkeiro afirmou que o cantor esta sendo perseguido pelas autoridades. “A vida de preto, favelado e funkeiro não é fácil”, alegando que seu trabalho é fruto de superação e representa sua trajetória. Segundo o artista, seus vídeos e músicas não promovem o crime, mas retratam a realidade vivida nas favelas.
A defesa do cantor declarou que vai recorrer da decisão e classificou a prisão como arbitrária. Os advogados argumentam que as postagens fazem parte de um contexto artístico e cultural, e que não há elementos objetivos que justifiquem a acusação de apologia ao crime. Alegam ainda que a medida é uma tentativa de criminalização da cultura periférica.
MC Poze do Rodo tem um histórico de polêmicas que envolve letras agressivas, ostentação e posicionamentos controversos nas redes sociais. Ainda assim, é reconhecido por seu grande alcance e influência entre o público jovem, acumulando milhões de seguidores nas plataformas digitais.
O episódio evidencia os riscos da banalização da criminalidade travestida de manifestação cultural. Ao contrário de estimular reflexão ou consciência social, MC Poze do Rodo tem recorrido sistematicamente a conteúdos que glorificam o tráfico de drogas e a violência, contribuindo para a romantização da vida criminosa. Em vez de utilizar sua visibilidade para promover mudanças positivas, o artista reforça estereótipos nocivos e expõe, de forma irresponsável, jovens de periferia a discursos que naturalizam a atuação de facções.