A ofensiva de Trump veio após Harvard se recusar a acatar uma série de exigências formuladas por sua administração, que incluíam o encerramento de programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), a diminuição da influência de estudantes e professores em processos decisórios e a obrigatoriedade de denunciar estudantes estrangeiros que violassem códigos de conduta acadêmica. As exigências fazem parte de uma política mais ampla do governo, que alega combater o antissemitismo em ambientes universitários, mas que, segundo críticos, representa uma tentativa de interferência política e ideológica em instituições autônomas.
O presidente interino de Harvard, Alan Garber, recusou publicamente as imposições. Em carta endereçada à Casa Branca, Garber declarou que a universidade não aceitará auditorias com viés ideológico, nem permitirá a redução da participação de docentes e discentes nos processos decisórios com base em posicionamentos políticos. Reforçou ainda o compromisso da instituição com a liberdade acadêmica e os princípios constitucionais que regem a educação superior nos Estados Unidos.
Em resposta às negativas de Harvard, o Governo Trump congelou US$ 2,2 bilhões em verbas federais destinadas à universidade. Além disso, o presidente ameaçou revogar o status de isenção fiscal da instituição, acusando-a de disseminar “ódio e estupidez” e de empregar “idiotas esquerdistas”. Trump também criticou a forma como Harvard conduziu o caso da ex-reitora Claudine Gay, que renunciou ao cargo após denúncias de plágio e controvérsias envolvendo declarações sobre antissemitismo, mas permaneceu como professora titular da universidade.
A crescente tensão entre o governo federal e instituições de ensino como Harvard reflete um debate mais amplo nos Estados Unidos sobre o papel das universidades na formação de valores sociais e na condução de políticas internas. Enquanto o governo argumenta pela necessidade de maior controle e responsabilidade no uso de recursos públicos, as universidades defendem sua autonomia institucional como base para a liberdade acadêmica.