Imagine que você é o chefe de segurança do presidente dos Estados Unidos e em um dia como qualquer outro você vai para o trabalho e o encontra morto. E para piorar você foi a última pessoa a vê-lo com vida. Essa é a premissa de uma das séries mais interessantes já lançadas pela Disney+, Paradise.
Para alguns essa premissa pode soar clichê, mas posso garantir que o que Dan Fogelman (This Is Us) entrega nessa história é tudo, menos mais do mesmo. A historia parte de uma premissa naturalmente instigante de investigação de assassinato, mas todo o desenvolvimento do primeiro episódio já nos mostra que ele não vai seguir por caminhos óbvios, e sim apostar na força dos personagens e suas relações, e isso Fogelman já provou que sabe escrever com maestria. E quando você acha que já sabe pra onde a história se encaminha, Fogelman solta mais uma pedrada no espectador tão certeira que fiquei tonto. Se você. Ao for fisgado com o plot twist do primeiro episódio pode desistir, a série não é para você.
Mas se você decidiu ficar, parabéns. Você terá uma excelente viagem. O ouro de Paradise está nos seus personagens, quem eles são, o porquê eles são assim, e as relações entre eles.
Como é viver em um ambiente onde se deve confiar em todos, mas você foi treinado a vida toda para suspeitar de tudo a sua volta? O que o peso de saber demais faz com a pessoa? É um acerto muito grande deixar a trama de investigação em segundo plano e focar em dúvidas assim para serem os fios condutores da história.
Sterling K. Brown (This Is Us) é uma força da natureza, ele poderia interpretar uma tinta secando na parede e ainda seria digno de prêmios. O trabalho dele em Paradise é formidável. Assim como um ogro, e cebolas, sua interpretação é cheia de camadas, um agente secreto rígido e compenetrado, um pai amoroso e esforçado, um homem solitário… tudo isso amarrado perfeitamente, sem parecer que algo está fora do lugar. Outro que brilha aqui é James Marsden (X-Men), mesmo com seu personagem morto, ele é uma presença muito cativante sempre que aparece. Por mais que ele tome algumas decisões muito questionáveis durante a história, quanto mais nos aprofundamos na sua história e vamos entendo os motivos, fica difícil não concordar, ou pelo menos entender os porquês.
E para manter esse texto uma zona livre de spoiles, gostaria apenas de pontuar o sétimo episódio. E como conseguiram fazer 50 minutos de pura angústia e sofrimento. Não me lembro de ter ficado tão aflito por tanto tempo vendo uma série como fiquei vendo o sétimo episódio de Paradise.
Eu gostaria muito de desenvolver mais sobre outros personagens, algumas tramas, mas qualquer mínimo spoiler pode estragar completamente sua experiência com essa obra.
Confie em um estranho, vá e veja pelo menos o primeiro episódio. Depois volte aqui para me agradecer.