O governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um corte de R$ 45,5 milhões no orçamento destinado às comunidades terapêuticas, instituições essenciais para o tratamento e recuperação de dependentes químicos no Brasil. O impacto desse corte, que foi formalizado no Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, é significativo e pode comprometer o atendimento de diverssas pessoas em processo de recuperação. Os recursos destinados a esse setor reduzirão de R$ 223,2 milhões para R$ 177,7 milhões no ano de 2025. A decisão afeta diretamente 405 comunidades terapêuticas que perderam vinculo financeiro com o governo federal, enquanto outras 180 instituições ainda contaram com algum apoio.
Este corte comprometerá o atendimento de cerca de 33 mil dependentes químicos, de acordo com os levantamentos feitos pela “Revista Oeste”. A redução no orçamento traz à tona o desafio enfrentado por essas instituições, que, sem o devido financiamento, terão dificuldades em manter a qualidade do atendimento. Cada paciente adulto atendido nas comunidades custa em média R$ 1,1 mil por mês a essas casas de apoio.
O corte reflete uma visão distorcida sobre as prioridades do governo, especialmente em um contexto em que o Brasil enfrenta um aumento nas taxas de dependência química e no consumo de substâncias. Essas instituições não são apenas centros de acolhimento, mas verdadeiros pontos de reabilitação e significam um recomeço para pessoas em situações extremas de vulnerabilidade. A redução de recursos coloca em risco não apenas a continuidade dos tratamentos, mas também a recuperação de vidas que já enfrentam uma trajetória difícil. O custo médio do tratamento para o governo é irrisório se levarmos em conta as vidas que são salvas pelo tratamento, é um valor que não pode ser negligenciado em um momento em que a crise das drogas afeta cada vez mais os brasileiros, sem que haja alternativas viáveis e eficientes para enfrentar o problema.
Em um cenário de diminuição de políticas públicas voltadas para a saúde mental e a dependência química, a redução dos recursos para as comunidades terapêuticas mostra a falência de uma estratégia governamental que não reconhece a urgência do tratamento desses pacientes. A crítica é inevitável: como um governo que se coloca como defensor dos direitos humanos pode permitir que um serviço tão crucial para a recuperação de cidadãos, já fragilizados pela dependência, sofra cortes tão drásticos? A medida não só fragiliza o sistema de saúde pública, mas também revela uma falta de visão sobre a recuperação de dependentes químicos como uma política de saúde pública e assistência social integral, vital para garantir a reintegração dessas pessoas à sociedade. O corte orçamentário mostra uma desconexão entre os reais desafios enfrentados por essas comunidades e a ação do poder público.